Quem me conhece, nem que seja só um pouquinho, morre de rir quando eu digo que já fui tímida.
Não tenho razão pra inventar isso, então, quem quiser que acredite!
Hoje um amigo muito querido confessou pra mim que a timidez o incomodava.
Engraçado. Eu não o achava tímido. Só um pouco sério. Mas foi aí que eu percebi o tamanho do passo que ele estava dando!
Notei que desde que nos conhecemos, ele nunca havia falado nada pessoal. Claro, tinha contado da vida, da história, do trabalho... mas nunca falou dele mesmo e de como se sentia!
Então eu me deparei com uma pessoa que tem uma característica da qual, definitivamente não gosta, mas que parece mais forte do que ela.
E comecei a lembrar dos meus tempos de tímida.
Momento retrospectiva:
Na infância, visitar aqueles parentes que a gente vê uma vez na vida e outra na morte, pra mim era uma tortura. Isso porque eu estou dizendo PA-REN-TES! Imagine quando me carregavam pra casa dos "outros"... Eu empacava num canto do sofá, puxava o cabelo sobre o ombro esquerdo e ficava torcendo como quem torce uma peça de roupa. Era tipo um toque. Quando alguém falava comigo, respondia olhando pro chão. E se meu avô estivesse junto era pior, porque ele sempre falava "filiiiinha, canta o 'Backe Kuchen' pro titio ver". Backe Kuchen é uma cantiga alemã que ele havia me ensinado. Eu queria morrer quando ele fazia isso!
O tempo foi passando, virei adolescente e é bem quando a gente aprende a socialiar, a querer ser o que não é, querer ter o que não se pode ter e não tem nenhuma visão real do que são e de como são as coisas.
O dilema era: o primeiro beijo! Todas as garotas já tinham beijado (hoje eu sei que muitas delas poderiam estar mentindo) menos eu. As amigas mais próximas sabiam e tentavam teorizar.
Mas pra mim aquela história de línguas entrelaçadas parecia tão nojenta!
Não que isso fizesse alguma diferença, afinal eu era uma adolescente tão bonita quanto uma iguana. Só fui beijada por um corajoso aos 14 anos de idade.
Foi péssimo!!!!!
Estávamos no cinema, um tiozão da família com a esposa e as filhas (minhas amiguinhas) e os/as vizinhas. As amigas começaram a "agitar" dizendo "Ele quer ficar com você, você fica com ele? É só beijo na boca e pegar na mão!!!"... e ele vendo elas falarem no meu ouvido... Deus do céu... eu gelada, desesperada pensando "Ele vai saber, todos vão saber que eu nunca beijei... mas se eu não aceitar vai ficar chato pq eu vou ter que ficar olhando pra cara dele e todo mundo vai perceber... e vão tirar sarro... por outro lado, se eu beijar, vou ficar com vergonha depois e tb não vou ter corgem de olhar pra ele..." no final das contas concluí "uma hora vai ter que ser, né? Que seja agora então!" e numa fração de segundos, disse "sim"!
Vi minha amigunha se dirigindo a ele, que fingia não notar a situação, falar no ouvido, tão baixo que o vovô da primeira fila podia ouvir "ó, ela fica!".
E eis que veio o rapaz, todo cheio de dedos
- A Lu falou com você?
E eu, olhando pro lado
- Sim - um 'sim que nem saía'
- E aí? - Ele insistia... que inferno!
- Tá! - foi o que eu soube responder e em menos de cinco segundos me senti engolindo um escargot tamanho família.
Fora que o rapaz parecia que tinha aberto a torneirinha do cuspe né...peloamor!
Eu não sabia o que fazer, então abri a boca e esperei acabar, torcendo pra não vomitar!!!!
"Ufa, acabou!"
A minha vontade era de sair correndo, mas não podia... mais uma vez "as pessoas iam perceber e o que iam pensar?"
Mas não tinha acaado nada! Ainda ia rolar mais um, pra eu ter a certeza de que beijar era horrível! Sim, porque o primeiro podia ter sido ruim pq eu não sabia, então eu tentei outra vez. Que fiasco!
O trauma foi tão grande que fiquei um ano sem beijar!
Eu tinha dificulade em fazer amizades ou qualquer tipo de aproximação. Cumprimentar com beijinho? No way!
Até que um dia, uma amiga minha de Ilhéus - BA, me disse "Essa sua timidez não vai te levar a lugar nenhum!"
Na época eu morava lá e estava prestes a retornar de vez pra Sampa.
Eu era apaixonadinha por um mocinho e o mocinho por mim! Um nunca soube do outro porque eram tímidos demais pra demonstrar! 10 anos depois retomei contato com uma amiga em comum, que foi quem me contou a história e, pasmem, viria a ser a esposa dele!
Fato: a timidez não estava me levando a lugar nenhum mesmo! Então comecei a tomar atitudes!
Quando uma situação tendia a me deixar extremamente encabulada, eu lembrava com força da minha amiga falando e agia exatamente ao contrário do meu comportament padrão!
Por exemplo: se meu padrão era olhar pro chão, eu olhava no olho dos desconhecidos.
Se na paquera, era disfarçar, pois agora eu ia mesmo é piscar de volta se me interessasse!
Por dentro eu tremia, mas era o meu desafio! Eu tinha que mudar aquilo ou passaria o resto da vida sob tortura de mim mesma!
E assim foi: Passei de nerd a palhaça! De excluída a amiga dos meninos!
Num primeiro momento, exagerei. Tudo era muito "over", mas com o tempo eu fui me doutrinado.
Óbvio: até hoje eu exagero! E às vezes extrapolo a ponto de ficar com vergonha!
Mas aprendi a me divertir comigo mesma!
E descobri que timidez também tem muito a ver com perfeccionismo. Depois que eu me permii alguns deslizes, alguns micos e alguns erros, eu me aceitei como ser humano!
Ser tímido(a) nos faz perder muitas oportunidades, mas o importante é tentar superar, não tudo de uma vez, mas aos poucos....
ResponderExcluirNão podemos tratar uma situação que nos incomoda como algo que não pode ser mudado!!!
ResponderExcluirNão lembro da sua fase tímida... a minha, por outro lado... :P Hahahah
ResponderExcluirvc não tem noção de como me ajudou esse post!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
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