segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Literatura e leitura: há alguma diferença?


"Recortes" da matéria "O mistério dos best-sellers" da revista OffLine de agosto de 2010. Por André Gravatá

(é longo, mas vale a pena deixar de cochilar na hora do almoço e ler)

" Novos tempos viram, nos quais judeus, bruxas e turcos serão derrotados. Aparecerá um imperador para purificar a corrupta igreja do anticristo em Roma, inaugurando o Reino do Espirito Santo e da Paz Universal ..."

Com esse trama, o médico e astrólogo João Lichtenberg tornou-se autor de um best-seller bem antes de este termo começar a ser empregado para caracterizar os livros mais vendidos. Seu livro, escrito em 1488, intitulado Pronosticationes (Prognósticos), teve catorze edições em alemão, italiano e latim até 1550. Mais cerca de cinquenta edições no século XVI, incluindo os extratos e resumos redigidos, após a morte do autor, por discípulos fiéis. Justamente no século inicial da difusão da imprensa.

Atualmente, mesmo com toda a discussão sobre o fim do livro, perduram os titulos com vendas astronômicas.

"Hoje se entende que o livro é um produto. Como um produto, o livro precisa aparecer nos meios de comunicação de massa para que então seja conhecido e a demanda para comprá-lo seja gerada" explica Carmem Tex Sodré

Analisando como um produto, várias são as estratégias que ajudam a impulsionar a venda de um livro: a disposição dos titulos na prateleira de uma livraria, criticas especializadas na mídia, presença dos autores em palestras em veiculos de comunicação, dentro outros fatores.

A televisão é uma grande vendedora de livros. Sheila Melo levou para A Fazenda, o reality show da Record, um exemplar do livro " A via crucis do corpo" de Clarice Lispector. Já no BBB 10, uma participante também citava Clarice várias vezes, diante das câmeras. Não deu outra: nessa mesma época, o livro "Clarice", voltou a lista dos mais vendidos.

Literatura e leitura: há alguma diferença?

" Dificilmente irei me interessar por um livro que venda muito ", conta o escritor pernambucano Marcelino Freire, ganhador do Prêmio Jabuti de Literatura. Para ele, o best-seller é o senso do comum em forma de livro. "Paulo Coelho, por exemplo, faz sucesso exatamente porque diz o que as pessoas já sabem. Quando se lê um livro do Paulo Coelho, e ele diz ' amanhã será um novo dia', o leitor pensa consigo 'de fato, amanhã será um novo dia, e eu sou uma pessoa importante, porque um escritor diz isso aí e eu penso assim também"

Diferentemente da literatura, o best-seller é leitura. "São fáceis, simples, prontos, um passatempo" comenta a professora e escritora Noemi Jaffe.

" De modo geral, o best-seller é um gênero que segue certas formulas fixas. Ele deve muito ao realismo do século XIX ... " diz o crítico de literatura Jerônimo Teixeira.

Que tal ler "A Cabana" numa aula do curso de Administração? Ou "Crepusculo"? O professor Ricardo Quadros Gouvêa, da Universidade Mackenzie, não indica apenas os clássicos, mas recomenda best-sellers aos seus alunos. Para ele, a importância dessas obras reside no fato de elas serem um simbolo da cultura. "Uma pessoa que quer entender o mundo em que vive precisa ler os best-sellers"

...

Eu prefiro me preservar com os clássicos.

A revista OffLine é distribuída gratuitamente nos principais campi do Brasil, na Rede Sesc SP e na Bienal Internacional do Livro de São Paulo (onde adquiri esse exemplar)

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3 comentários:

  1. livro: essencial.
    bem bacana a matéria.. =)
    bjs.

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  2. Muitas variantes num único texto... É assim que gosto, uma chuva pra ver se pego alguns pingos.


    (L)

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  3. Leitura e literatura são as mesma coisa

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