quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

O preço da passagem

Já passavam das 4 da manhã quando ela entrou em casa.

Tudo o que tinha,

eram decepções de uma noite dificil de "trabalho".

Na verdade,

era por sacanagem,

pois era graduada e pós-graduada no que seus pais sonhara pra ela.

Mas era o que gostava,

e o que mais lhe dava prazer... e dinheiro também, diga-se por passagem.

Só não esperava que,

naquela noite,

o carro iria incendiar...

Tornando-se tóxica a estrada que pagou para ficar...

Do que ficou,

apenas fumaça,

lembranças,

 a sirene rasgando a madrugada

e a bolsinha de poá com uma falsa identidade:

Alice de Bourbon.
(1993 - 2011)

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Começo, Meio e Fim: O lugar-comum dos relacionamentos

Já que o Sete Diferenças está com dias vagos e que o meu nível de inspiração está alto, vou aproveitar e comentar uma música bem humorada e sincera:
"Ele diz que tá apaixonado, ela sabe que é seu grande amor. Ele diz que é a mulher da vida, e a vida mal começou..." "Ele diz que ela é toda sorriso, e o sorriso ele sabe de cor." "E até dar as mãos é gostoso." "Coisa linda que é o começo."
Incrível como no início é sempre assim, um bocado de expectativas e lentes coloridas. Essa é a hora do frio na barriga, de acreditar no improvável, de realizar o impossível.
"Ele diz que ela não é a mesma, ela afirma que ele nem tentou. E ele diz que isso não é problema, e o problema é que tudo mudou. Ele disse que viveu bons momentos, ela pensa "como era bom". Ele diz que não fazem amor, e o amor nunca foi o seu dom." "E até pra falar dá um nervoso." "Coisa estranha que é o meio."
Aí é que a coisa começa a ficar mais realista, mais esquisita, as lentes coloridas são deixadas de lado e aquilo que é conhecido por rotina* começa a incomodar o casal que por vezes deixa de ver a poesia no arroz com feijão e na roupa lavada.
*"E o que é a rotina se não uma sucessão de fatos novos, vistos sob o mesmo olhar?"
"Ele diz que foi tudo um erro, ela só quer saber de chorar. Ele diz que precisa de um tempo, e o tempo vai esquentar. Ele diz que tá tudo acabado, ela não quer saber de perdão. Ele diz que não sente mais nada, e até o nada virou discussão." "E até suspirar é perigoso." "Coisa feia que é o fim."
E as vezes acontece. A história chega ao fim. E eu pergunto, precisa sempre ser feio assim? Tão mais saudável e interessante quando uma história chega ao fim e se mantém o respeito, a cumplicidade e a amizade. Mas na maioria dos casos, a mágoa gerada é tão grande que passam de amantes e confidentes,  a desconhecidos.

Gosto dessa visão bem humorada e sincera da vida. Sou mulher crescida e sei bem quando escolho me iludir e quando escolho fazer o que é melhor pra mim. No fundo todo mundo sabe, mesmo que não admita.

Música: Começo, meio e fim
Artista: Samba Grego

Quer saber mais sobre os artistas?
Samba Grego é o resultado de um trabalho de composição de Felipe Chagas e Rodolpho Bittencourt.  As músicas têm referências que englobam grande parte da boa e velha música popular brasileira. Cada música é um novo universo, uma nova mistura de ritmos – e as letras não fogem disso, tratando principalmente de relacionamentos e experiências do cotidiano de uma maneira descompromissada, irreverente e, quase sempre, sincera. Dentre todos os estilos o samba se destaca, mas também dá espaço ao experimentalismo e à originalidade. O projeto nasceu no Espaço Cultural 512, na Rua João Alfredo, coração da Cidade Baixa e tem a influência nata da boemia e da efervescência cultural e artística tradicional do bairro mais inspirador de Porto Alegre. Isso se reflete na versatilidade das canções, com harmonias e melodias elaboradas que vão de um dramático samba canção a um frevo provocante e polêmico.

Para ouvir e sorrir:
 

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Meu barato é com a música!

Cheguei a conclusão de que meu barato não é com a dança, mas com a música.
A dança é só um instrumento que me ajuda a "viver" a música. É a música que me toma por inteira que me faz viajar e entrar em outra vibração. Com a música eu simplesmente sinto, não tento controlar ou adivinhar o próximo acorde, apenas ouço o que a música tem a me dizer mesmo que não utilize nenhuma palavra pra isso. A dança leva a música para outro patamar, me coloca dentro, vivendo cada batida, cada alternância de ritmo, cada sopro... A dança me coloca dentro da música.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Rascunho do tempo

Vantagem que leva quem anda sem traçar uma meta!
Mais fácil vagar pela lembrança do que ter que comprar um passaporte...
Sem porte.
A camisa ainda era a mesma, estampa de velhos discos.
Agir como se fosse em outras épocas.
Levantar pra trabalhar? Nem pensar!
Prefiro continuar com minha sanidade mental, tomar aquele trago de café e, quem sabe, ler jornal.
Não vou à praia, prefiro ver os andarilhos da velha Augusta, crianças sobre rodas, jovens sob modas e velhas caras tortas.
Deu até vontade de sonhar!

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Da Série: Presentes que valem muito e não custam nada II


"(...) Nesta pequena jornada percebi o que sou capaz, o que posso fazer e sentir, sem pudor e receio, sem ficar vermelho e tímido diante dos olhares alheios que não sabem o que estou vendo. Nesta viagem percebi que posso amar assim tão rápido, como se o coração estivesse agoniado por este momento, instante que não pode esperar os protocolos e as burocracias do conhecimento, que não espera como se fosse feito de ansiedade e sereno.
Nesta viagem percebi que meu coração nasceu para bater forte, como um grande tambor escondido no seio da terra, bombeando sangue por toda a humanidade e oxigenando todo o corpo. Percebi que posso fazer qualquer mulher feliz, bastando que seja toda receptiva. Que minha criatividade, minha filosofia pode e muito contribuir para viver assim algo diferente, desigual e autêntico.
Nesta viagem percebi minha força interior, meu querer de ferro e meu desejo eterno de poder estar junto assim, sem medo e sem receio de não estar curtindo a vida porque não sinto muitas mulheres e não provo muitos seios. Percebi que posso desejar uma moça por toda a vida, vida inteira de alegria, com algumas brigas com certeza; mas que se podia lavar a roupa suja na cama, no café, no chuveiro, em qualquer lugar que tivesse a oportunidade de desfazer da velha brincadeira do "mal-me-quer".
Às vezes acho que não tenho culpa por ser assim, por ter lido muito cedo poesia, ou por ter assistido muito filme de romance; outras vezes creio que me dei de presente uma educação sentimental. Mas por hora já basta, sempre vou ser assim, uma consciência apaixonada que locomove todo este maquinário. (...)"

Da Série: Presentes que valem muito e não custam nada.

"Tudo despretensiosamente, será esta a fórmula de um primeiro encontro ideal? Sem pretensão alguma de ordem física — ao contrário dos encontros que sempre estabelecem metas corporais—, estabelecemos uma contra-lógica que se dirigia para o imperceptível. Nos portamos como observadores, colocamos nossa alma em microscópicos para ver pequenas coisas em movimento que não são visíveis ao olho nu; em outro momento, preferimos dissecar o coração com nossas frases para estudar uma certa anatomia das intenções.

(...)
Todos estes sabores e sensações se misturaram dentro de mim e desejei que o tempo parasse; ao contrário de ti, que disse que o tempo continuasse para então dizer palavras que tinham a força de um fórceps que, tirando-me a ferros de mim, matou todo meu formalismo, fazendo-me renascer e aparecer meu verdadeiro "Eu"; que pelo jeito, se encontrava preso na viscosidade de uma placenta hipócrita. Depois de algumas horas senti a força do vento dentro do peito; o dique de minha alma se arrebentando e pude então ver com os olhos da lucidez. E quando enfim, olhou para mim profundamente, aliviando-me a dor de não se sentir só, sei que naquele momento também sua lucidez se encontrava com a minha, cada qual segurando seu lampião que iluminava e ardia ao se aproximar. E já não havia mais segredos e mistérios do corpo, porque naquele instante mal percebemos as lanternas de nossa alma se acenderem e serenamente repousarem como dois barcos que descansam após uma longa navegação. Então percebi que nascemos para nos entendermos."

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Deu saudade

Não foi de alguém foi de mim.

Senti falta da moça que eu era, tão cheia de vida e poesia!
A vida as vezes nos mostra uns lados mais escuros e a gente acaba deixando os sonhos um pouco de lado, vai se conformando com algumas coisas, ficando mais cética, deixando o lado cor-de-rosa pra lá, ficando realista demais.
Me afastei um pouco de quem eu era, mas foi temporário. Afinal a nossa essência é a mesma, pode estar escondida num canto, mas está lá, só esperando pra ser abraçada novamente.
Meu olho voltou a brilhar como antes, um bocadinho por dia me sinto mais viva, mais inspirada, mais radiante.
Todo mundo tem problemas, e eu não sou diferente. Mas escolho cuidar deles de outra forma, com outro olhar.

Uma vez uma tia querida disse que a palavra da minha vida era ENTUSIASMO, que etimológicamente significa "deus dentro".  Prometo nunca abandonar.

Um raio de sol chegou até mim e me pediu pra espalhar ele por aí.

Que os dias ensolarados continuem.