terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Da Série: Presentes que valem muito e não custam nada.


"Tudo despretensiosamente, será esta a fórmula de um primeiro encontro ideal? Sem pretensão alguma de ordem física — ao contrário dos encontros que sempre estabelecem metas corporais—, estabelecemos uma contra-lógica que se dirigia para o imperceptível. Nos portamos como observadores, colocamos nossa alma em microscópicos para ver pequenas coisas em movimento que não são visíveis ao olho nu; em outro momento, preferimos dissecar o coração com nossas frases para estudar uma certa anatomia das intenções.

(...)
Todos estes sabores e sensações se misturaram dentro de mim e desejei que o tempo parasse; ao contrário de ti, que disse que o tempo continuasse para então dizer palavras que tinham a força de um fórceps que, tirando-me a ferros de mim, matou todo meu formalismo, fazendo-me renascer e aparecer meu verdadeiro "Eu"; que pelo jeito, se encontrava preso na viscosidade de uma placenta hipócrita. Depois de algumas horas senti a força do vento dentro do peito; o dique de minha alma se arrebentando e pude então ver com os olhos da lucidez. E quando enfim, olhou para mim profundamente, aliviando-me a dor de não se sentir só, sei que naquele momento também sua lucidez se encontrava com a minha, cada qual segurando seu lampião que iluminava e ardia ao se aproximar. E já não havia mais segredos e mistérios do corpo, porque naquele instante mal percebemos as lanternas de nossa alma se acenderem e serenamente repousarem como dois barcos que descansam após uma longa navegação. Então percebi que nascemos para nos entendermos."

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