"Tudo despretensiosamente, será esta a fórmula de um primeiro encontro ideal? Sem pretensão alguma de ordem física — ao contrário dos encontros que sempre estabelecem metas corporais—, estabelecemos uma contra-lógica que se dirigia para o imperceptível. Nos portamos como observadores, colocamos nossa alma em microscópicos para ver pequenas coisas em movimento que não são visíveis ao olho nu; em outro momento, preferimos dissecar o coração com nossas frases para estudar uma certa anatomia das intenções.
(...)
Todos estes sabores e sensações se misturaram dentro de mim e desejei que o tempo parasse; ao contrário de ti, que disse que o tempo continuasse para então dizer palavras que tinham a força de um fórceps que, tirando-me a ferros de mim, matou todo meu formalismo, fazendo-me renascer e aparecer meu verdadeiro "Eu"; que pelo jeito, se encontrava preso na viscosidade de uma placenta hipócrita. Depois de algumas horas senti a força do vento dentro do peito; o dique de minha alma se arrebentando e pude então ver com os olhos da lucidez. E quando enfim, olhou para mim profundamente, aliviando-me a dor de não se sentir só, sei que naquele momento também sua lucidez se encontrava com a minha, cada qual segurando seu lampião que iluminava e ardia ao se aproximar. E já não havia mais segredos e mistérios do corpo, porque naquele instante mal percebemos as lanternas de nossa alma se acenderem e serenamente repousarem como dois barcos que descansam após uma longa navegação. Então percebi que nascemos para nos entendermos."
Sete Pessoas. Sete cabeças diferentes. Sete posts na semana sobre diferentes temas. Um bicho de sete cabeças.
terça-feira, 19 de fevereiro de 2013
Da Série: Presentes que valem muito e não custam nada.
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Quebrando as regras
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