terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Dia de interiorano em plena metrópole


Quem me conhece mininamente, sabe como sou urbano. Não sou fã de praia nem de mato. Até topo um passeio e me divirto nesses lugares, mas para morar em uma cidade eu só me sinto bem se tiver muito concreto, poluição, trânsito e gente mal educada.

Mas ontem eu vivi uma experiência inusitada, característica de um morador de cidade do interior, onde todo mundo se conhece.

Saí do trabalho, em Alphaville, às 18h. Dia do rodízio do meu carro, eu tinha que chegar à Vila Olímpia às 19h30 de tranporte público. Até aí, nada de mais. Pelas minhas contas, chegaria a tempo sem problemas. No máximo, uns 10 minutos atrasado, o que não comprometeria minha pauta.

Entretanto, com a chuva que caiu no final da tarde, qualquer deslocamento se transformou em uma saga urbana.

O resultado foi que às 19h40 eu estava há uns 5kms do meu local de trabalho e o ônibus ocupava os mesmíssimos metros quadrados da via há pelo menos meia hora.

Como meu compromisso já estava perdido, desci e tentei caminhar à procura de uma alternativa para chegar em casa.

Já encharcado, parei em um ponto, na ilusão de encontrar um ônibus que pegasse uma passagem secreta ligando Alphaville à Santa Cecília.

De repente, um carro desses que prestam serviço para a Telefônica parou, o vidro desceu e o motorista me pediu uma informação sobre como chegar a Osasco sem ter que pegar aquele trânsito.

Para sorte dele (e minha), conheço cada viela daquela região, onde nasci e me criei. Tentei explicar o caminho, mas quem mora na periferia sabe como os quarteirões (se é que eles existem) são irregulares.

"Você não está indo pra lá?", perguntou o sujeito.

"É, estou tentando", respondi.

"Entra aí que a gente chega lá!", rebateu o figura.

Desde criança ouvimos que não devemos entrar no carro de um estranho, mas um cidadão uniformizado, em um carro adesivado e com uma escada gigantesca no teto me pareceu acima de qualquer suspeita.

E lá fomos nós. Eu ensinando os caminhos tortuosos da Zona Norte de Osasco e recebendo em troca uma valiosa carona. Ganhou ele, ganhei eu.

No ritmo e na desconfiança com a qual vivemos nas grandes cidades, esse gesto foi louvável, mas em uma cidade menor seria absolutamente normal.

O pior é que eu nem sei o nome do camarada, que estava apressado para chegar em casa e levar a esposa ao supermercado, após um cansativo dia de trabalho.

E eu, às 21h, finalmente cheguei em casa. Sem ele, nem sei como teria feito...

2 comentários:

  1. Filosofia própria: a minha vida só tem sentido, por causa das caronas.

    Eu não sei se os meus anjos são extremamente guardadores, mas eu ja peguei carona com tanta gente na minha vida. Vai entender

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  2. este transito infernal está me deixando cada dia mais estressada, isso sim.. rs... e eu nunca tenho sorte de ter carona.. =P

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