segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Fora do ritmo


"Recortes" de uma matéria " Eu Fracassada?" da revista TPM de agosto de 2010. Por Luara Calvi Anic.

Você: não fala inglês e já tem 20 anos? Ainda na casa dos pais com 25? Mais de 30 e ainda não sentiu o reloginho biológico bater? Nunca ouviu falar em home broker aos 35 anos? Vai fazer 40 anos e nunca foi convidada para dar uma palestra? Em que planeta você vive? Provavelmente, nos dos fracassados. Pelo menos é nisso que querem que você acredite

Embora você diga que não se importa muito com a opinião daquela sua tia, seria uma mentira dizer que não te incomoda aquelas perguntas como " Será que um dia eu vou ter o prazer de comprar um vestido luxuoso para o seu casamento? "

Numa época de casamentos que não duram o tempo de as paredes descascarem e de profissões que não têm mais nada a ver com aquele diploma guardado na gaveta, a cobrança diante do não cumprimento de padrões ainda se instala sobre a cabeça das mulheres (e homens).

Diante desses clichês de comportamento, vale lembrar que o mundo está longe de ser um conto de fadas. No Brasil, segundo o IBGE, 188 mil casais se divorciaram em 2008; o número de trabalhadores informais, sem carteira assinada, é de cerca 2,6 milhões; e só tem aumentado a quantidade de mulheres que optam por engravidar pela primeira vez dos 40 aos 44 anos.

E várias são as cobranças

Meninas muito jovens já vão ao cabeleireiro com as mães, usam maquiagem e unhas pintadas. Você vai ao shopping e os cabelos e as roupas são iguais.
Nas livrarias do país uma seção chamada "desenvolvimento profissional" recheia as estantes com dicas de como manter o emprego, subir na vida profissionalmente ...

Max Gehringer lista em seu livro " O Sucesso Passo a Passo ", lista quatro posições de carreira profissional:
" Dos 18 aos 25 anos, é a fase do aprendizado (...) um jovem tem a impressão de que ganha menos e tem menos oportunidade do que deveria; dos 26 aos 34 anos é a fase da coragem (...) um jovem de 26 anos que ainda está procurando estágio já ficou para trás; dos 35 aos 45 anos é a fase da colheita (...) o salário de alguém de 40 anos deveria ser, no mínimo, dez vezes maior do que era os 20; dos 45 em diante vem a fase da inércia. O funil das boas oportunidades fica mais estreitos e poucos passaram por ele "

Agora a pergunta que não quer calar: em qual posição você está?

Eu tenho 23 anos e não estou casada. Por aproveitar tanto a vida indo a shows, baladas, encontros culturais não vou me formar esse ano. Deixei para (quem sabe) ano que vem. De dia aprendo a como construir residenciais verticais com rapidez e qualidade, e a noite divido o meu tempo em relatórios de Fisica II, tirinhas do Snoopy e as atualizações de noticias Google Reader. Não sei falar inglês e não sei dirigir. O meu sonho é morar em um local que eu tenha fácil acesso a todos os lugares que quero ir: centro de São Paulo. E digo em caixa alta SOU FELIZ, pois tenho os melhores amigos e a minha paz interior faz com que eu seja contribuinte a todos. Não gosto de me alimentar da "industria de clichês". Faço aquilo que me faz bem. Que me faz sentir bem

E você?

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5 comentários:

  1. Apesar desses clichês, eu me sinto frustrado em diversos campos da minha vida... Só me resta manter o foco no objetivo de acabar com essas frustrações o quanto antes. Belo texto, moça!

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  2. violência, guerras, caos, trânsito, poluição,chefe, concreto, stress, gripes suínas, globalização, aí dô noti undérstêndi...

    acho que estou na posição de virar hippie a qualquer momento...

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  3. Arquiteta, estudante do 2º módulo de pós-graduação, 27 anos, empregada mas quase não, cansada de trabalhar para os outros, lutando por um futuro próprio melhor. Infeliz? Não. Apenas não sou acomodada. Poderia ser e me manter como estou, mas não suporto rotina (e vc já falou dela aqui) e quem a suporta, sim, é um infeliz!

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  4. Ótima matéria realmente, parabéns.

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