sábado, 14 de agosto de 2010

Sobre meninos e Lobos, sobre fantasmas e monstros


Meu marido tem nojo da minha escova de dentes!
Eu acho isso uma bobagem. Pra mim, é normal você escovar os dentes com a escova daquele com que você troca secreções.
Pra ele é surreal.

Já vou chegar lá.

Durante muito tempo da minha vida, tive convicções absolutamente surreais.
Idéias, conceitos e medos que não valem a pena ser mencionados, mas que estão completamente fora de qualquer padrão digamos socialmente maduro.
Isso me emputecia porque eu sabia que a errada era eu, que pensando assim a única a sofrer seria eu, entre outras inúmeras observações...

Alguns pensavam como eu, mas para outros - ah, e como eu admirava esses outros - o pensamento oposto ao meu era uma coisa natural e simples.

Certos conceitos enraizados em algum lugar dentro de mim às vezes, diante de determinadas situações me levavam a reações irracionais. Era algo incontrolável e inexplicável. Choro Compulsivo, riso histérico - diriam os Titãs.

Eu costumava dizer que havia um fantasma me seguindo e que ele jamais desapareceria porque ele simplesmente existia e isto era fato.

Meu então namorado (que hoje é meu marido) não entendia. Ele, sempre tão maduro e esclarecido não entendia meus medos e eu também não sabia explicar, rotular, quantificar...

Então certa vez batemos uma aposta "Você dirige até a minha casa - eu odeio dirigir - e eu uso sua escova! "Fechou"
Ele passou tão mal. Simplesmente não conseguia enfiar a escova na boca!
Depois de duas escovadelas eu falei pra ele parar senão teríamos um acidente.
Então eu disse: "viu como a cabeça da gente é um monstro?"

E é mesmo!
Às vezes a gente tem que sofrer bastante pra mudar o jeito de pensar...
Em outros momentos, a gente tem que ir provando a felicidade em doses homeopáticas e olhar também a forma como os outros são felizes e aprender com a felicidade alheia!
E daí então aprendemos a somar e não a subtrair!

Quando comecei a colar os tais caquinhos do velho mundo, percebi que por pouco eu não pus muito a perder...

Não foi de uma hora pra outra. Não foi com terapia nem com remédio. Talvez nem o teatro nem o emprego novo. Mas alguma coisa mudou. Eu mudei.

Se você tem um medo, uma raiva, ou qualquer grande fantasma que te tire o sono ou que faça que você não expresse sua natureza boa e verdadeira, o primeiro passo é admitir. Fingir que ele não existe não vai funcionar. Seja verdadeiro primeiro com você mesmo. Encare. E prepare-se. A caminhada é longa. Mas em um dado momento ele desaparece!

2 comentários:

  1. Falar sobre os próprios medos é complicadissimo. Tenho uma lista deles.

    Mas um deles eu encarei: estar aqui, postando toda a segunda no blog. Admito que tinha uma vergonha danada de mostrar aquilo que eu gosto/admiro.

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