terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Falando o mesmo idioma


Quem já estudou um língua que não a sua própria, sabe o trabalho que dá internalizar todas as diferentes regras de uma nova cultura. Não se trata apenas de normas gramaticais. Um idioma não se concretiza nas escolhas certas de palavras, mas no conceito que o povo de origem inclui na expressão. E ainda que se tenha uma imensa bagagem, a comunicação plena só se faz possível depois de muito exercício prático e diário com pessoas diversas desse mundo novo.
Quando se trata de relacionamento algo bem semelhante acontece. Ainda que seja entre pessoas que vivem no mesmo lugar, cada um tem sua própria e única forma de ver e expressar. Daí a dificuldade em qualquer dialogo, negociação ou simples e livre expressão de idéias. O que se diz e o que é ouvido nem sempre se mostram sinônimos. Interpreto o que escuto com a compreensão que tenho nesse instante. Filtro argumentos tanto com o que podem significar para o outro quanto para mim. E isso pode gerar um grande abismo e frustração. Não é por outra razão que dizemos: O óbvio é sempre difícil de enxergar. Só esquecemos que o óbvio para cada um significa uma coisa.
Aprender a comunicar sua verdade interna é ofício para a vida toda. E aprender a responder a incompreensão com respeito e paciência... Tarefa para muitas vidas! 
Creio que seria mais fácil se superássemos o receio de sermos julgados ou rejeitados pelo que dizemos. Na insegurança e tentativa de negociação, acabamos escolhendo passar mensagens camufladas, ansiando para que o outro mostre o quanto se importa dando reviravoltas para realmente nos compreender. Se fosse um caminho de uma só estrada, talvez funcionasse. Infelizmente, o outro está jogando a mesma partida. E acabamos sabotando, dificultando e até mesmo impossibilitando qualquer entendimento concreto. A máxima diz: a verdade vos libertará! Onde nada mais parece funcionar, arriscar presentear o outro com o sentimento real, certamente parece uma tentativa válida. Onde a mente se perde, o coração encontra e conecta. Lembrar que desejamos segurança e aceitação, fortalece o movimento de arriscar a proximidade necessária para tocar e ser tocado. Se palavras não atingiram o alvo, por que não tentar o silêncio e a verdade num olhar? A meta é superar a distancia, fazer uma conexão. Palavras servem para começar a escalada... Mas, se chegamos ao ponto em que deixam de ajudar, precisamos dar ao outro a possibilidade de nos alcançar e muitas vezes apenas silenciar e estender a mão num convite desarmado é o suficiente. Mostra vulnerabilidade tende a levar o outro para um espaço de cumplicidade e afeto.  Nossa sensibilidade é superior ao que podemos traduzir em palavras. E nossa necessidade intensa por contato não necessita da tradução oral. Talvez, nos entenderíamos mais se falássemos menos... Sentir mais, pensar menos...  Aprimorar a capacidade de expressar o que é essencial... Escolher  a verdade em lugar da exaustiva espera por tradução.

Um abraço e até semana que vem.....

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