Lindo não é um apelido, é um conceito!

Meu primeiro namorado, chamei-o de lindo! "Lindo" pra lá, lindo pra cá... até que o encanto passou e seu nome virou uma coagulação de duas de suas sílabas!
O segundo, chamei-o de "Você", que depois virou "Cê", depois virou estatística...
Do terceiro eu não lembro...
O quarto foi do lindo ao silêncio passando por diversas cores. Sim, chamávamo-nos por cores e acabou no cinza... em cinzas...
O louco foi que depois de um tempo chamando-o de lindo, lembrei do primeiro!!!
Apressei-me em trocar o jargão: "Não se pode repetir nada de um namorado pra outro! Vou chamá-lo de quê?"
Gato, amor, broto, meu bem, tchutchuco, bicoco, fofito, chuchu, pequerrucho, bebê, magrelo, gordito... uhhhh... é rótulo a dar com pau!
Tentei todos, mas nenhum cabia. Soava artificial, enquanto que o "lindo" era tão natural quanto salivar!
Eu também era "a linda". Só não sei se aí era um mero apelido! Nunca saberei!
Fato é que no começo foi assim. Porque no começo tudo é lindo! E é natural que tragamos o conceito à tona! Depois a palavra desaparece... porque aquilo tudo já não é lindo, ou o que era lindo sumiu!

Voltar a ser chamada de linda depois de tanto tempo e ouvir essa palavra num outro timbre, num outro tom foi um susto! Trouxe, na verdade uma série de lembranças ruins que eu quis varrer censurando a palavra!

E foi então que eu percebi o quão adolescente era isso e ri de mim mesma!
O "lindo" o é em diferentes momentos da vida. Não é a pessoa, é o gesto. Não é o local, é o momento e definitivamente, não é a canção e sim como ela cai feito uma cereja no bolo pra enfeitar um momento!

Apelidos? Podem acontecer e podem se repetir, mas não é isso que vai definir uma pessoa ou o que ela representa na sua vida, ou dizer se ela foi melhor ou pior que a anterior. Em geral acredito que a atual é sempre melhor. Se a anterior fosse boa o suficiente, não teria acabado!

E lindo não é um apelido: é um conceito e um excelente termômetro. Quando esta palavra começar a sumir dos lábios é bom pensar no que fazer!

Detalhes cotidianos que gritam, lembra?