quarta-feira, 10 de abril de 2013

O Devaneio do dinheiro publico nos megaeventos esportivos no Brasil


Nós próximos posts vou dar alguns pitacos sobre essa bagunça que vem sendo a realização dos dois megaeventos no Brasil, sei que o tema não é dos mais atrativos, mas acredito que temos que discutir com afinco o tema.

Desde o começo fui contra os dois mega eventos que serão realizados no Brasil, a Copa do Mundo em 2014 e os Jogos Olímpicos em 2016, por uma razão muito simples eu trabalho com esporte já faz 10 anos e sei que o Brasil não tem uma cultura esportiva adequada para isso.

Não sou ingênuo para pensar que não deveríamos gastar esse dinheiro todo com estádios e ginásios e sim em escolas e hospitais, pois de qualquer maneira isso não aconteceria ou alguém acha que os bilhões gastos com os estádios, seriam gastos em educação e saúde? Não, não seria.  Existe a necessidade de nós brasileiros resolver esse e outros problemas primeiro. Por que o dinheiro não é usado como deveria?



Não podemos inverter as coisas, vamos realizar os dois eventos esportivos e não vamos resolver o problema dos gastos públicos inadequados. Acredito que temos que arrumar a casa primeiro e depois realizar a festa, pois estamos tentando resolver um problema com outro ainda maior.

Para arrumar a casa e termos uma cultura esportiva, me parece óbvio que o início tem que ser nas escolas e será que ninguém percebeu ou não quiseram perceber que investir no esporte de alto rendimento não traz medalhas? E o pior, começar a investir três anos antes do evento me parece uma estupidez maior ainda, deixe a iniciativa privada apoiar os atletas de ponta. Me pergunto se isso é apenas ignorância ou má fé mesmo? Por que simplesmente não tem cabimento e me impressiona em pleno século 21 com todos os avanços nos estudos e os exemplos mundo a fora, o Brasil não perceber que para se formar atletas de alto nível é preciso trabalho de longo prazo. 

É chover no molhado dizer que precisamos iniciar nas escolas, e por uma questão bem simples, lá estão todas as crianças, não precisa divulgar, fazer marketing ou o governo incentivar, basta as escolas e os professores de educação física tratarem o assunto de forma mais séria e competente e o governo oferecer mais escolas e que nelas contenham espaços adequados.

Mas hoje o que vemos, são milhões de reais jorrados no esporte de alto rendimento e secretários de esportes, que diga-se de passagem, na maioria dos casos são médicos ou advogados, nunca é alguém ligado ao esporte, dizer que esta trabalhando duro para formar atletas para o próximos jogos Olímpicos no Rio de Janeiro em 2016, só se ele for algum tipo de santo milagreiro, pois esta atrasado uns 15 anos para formar atletas para as próximas Olimpíadas.

Portanto temos sim que cobrar as autoridades com relação ao dinheiro gasto nessas obras que não terão utilidades futuras e cobrar mais escolas, mais hospitais e mais educação, pois os elegemos para isso. Mas aqui vale uma ressalva, que é cada um assumir a sua responsabilidade nesse processo. Pois quando cito esporte escolar, inclui os diretores de escolas abrirem as portas, os professores de Educação Física se capacitarem mais e os pais incentivarem seus filhos a praticarem esportes.

E mais que cobrar, agora temos de apurar quem são os responsáveis pela construção do Engenhão que esta caindo; do complexo Maria Lenke de Natação construido para o Pan de 2007 e está sem serventia para os jogos olímpicos; e da demolição do velódromo que ficou sem utilização. Por que agora será diferente? Por que teremos outro velódromo para as Olimpíadas, se não teremos provas e nem ciclistas suficientes para posterior utilização? E eis que agora surge que o Maracanã que foi reformado por mais de um bilhão de reais para Copa do Mundo e terá de sofrer alterações para os jogos olímpicos (veja matéria da ESPN). Maracanã que também é palco da disputa contra os índios, idolatrados na apresentação das Olimpíadas e renegados na prática, veja o brilhante texto de Alebrto Muray Neto.  Tem mais o estádio Mané Garrincha em Brasilia, com custo de 1 bilhão de reais para 70 mil pessoas, sendo que a média de público em Brasília é de 700 pessoas por jogo, esse será o legado dos eventos?

As obras de infraestrutura urbana que poderiam beneficiar as pessoas, não estão sendo feitas, cadê os metros, as linhas de ônibus, a rede hoteleira e sem falar nos aeroportos e tudo isso para que? Para sediar dois eventos que estão longe de ter a cara do Brasil, pois até o nome do estádio Mané Garrincha foi proibido pela FIFA, temos que nos curvar as regras esdrúxulas dessas entidades e no fim colocaremos a culpa novamente no governo e pagaremos as contas calados, enquanto eles riem em seus palácios e festejam a reeleição, é um descaso total.

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