Domingo:
Gostava de ouvir Novos Baianos, era do tipo que sorria de graça, deixava e recebia muito, contava muito com a sorte, e por isso sempre tinha muita sorte. Era parceira da vida, de poucos e bons amigos. Já cuidou de bêbado, já tentou, não gostou e quis apagar alguém da memória. Dia desses se encantou com um dente de leão*, e entendeu o significado da frase "cuidado com o que você pede, pode se tornar realidade".
Segunda-feira:
Pediu baixinho, pois que a vergonha lhe falava alto.
fez cara de desleixo, olhar de tanto-faz.
Viu voar janela afora sua aposta de sorriso.
Mas o que saiu sopro, voltou tufão.
derrubou-lhe as folhas, bagunçou-lhe o coração.
Voltou pétala e incerteza: por que pedira?
Mas veio junto o seu recado, amora em época de chiclete
bagunçou-se a franja, derrubou-lhe o pra-depois.
Foi-se atrás do arrepender-se.
Terça-feira:
O que mais arrependeria seria não tentar.
Poderiam a chamar de doida, mas doido mesmo era quem não tentava, não se perdia, não se jogava.
Afinal, sorte não era problema pra ela.
Já a timidez...
Chegava até a ser paradoxal,
A sede de viver com a vergonha de ir fazer.
Fechou os olhos, respirou fundo, deu um passo a frente...
Já até se sentia diferente...
Quarta feira:
E nesta angustia paradoxal descobriu que o limite da vida era não ter limites
e que o medo lhe servirá de alerta, não de paralisia.
O que ela não contava
é que o horizonte ampliará de tal modo
que a dúvida agora, era o que fazer diante de tantas oportunidades.
Voar o mais alto possível, tinha vontade de ser um pássaro
e ter o céu inteiro para desfrutar.
é a vida é engraçada...
Quinta-feira:
Sempre que acha que está no comando da situação, aparece-lhe então quem aflige seu coração:
Sorriso meio sacana!
Algo não engana àquela que sabe o tom da canção.
Maldita canção que te faz lembrar das primaveras em que sorria, e que sempre esbarrava no velho dente de leão.
Vodka era a pedida, de muitas entre tantas, sentada sozinha naquela mesa de bar...
- "Será que posso te acompanhar?"
Perguntou seu amado... que por vezes também era odiado.
Coitada da pequena, relutante em negar-he o pedido, apenas sorriu timidamente.
Ele entendeu como um sim, e então puxou a cadeira...
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