domingo, 26 de setembro de 2010

As vacas vão pro céu


Hoje, vem uma indicação de blog, sempre que a gente anda um pouco pela internet se depara com "vida inteligente" e de ótimas sacadas. Hoje o blog de uma  Jornalista.
Com o nome sugestivo de "As vacas vão pro céu", que segundo a autora, se elas vão, quem sabe ela também não vá?
Como amostra grátis, aqui um texto dela, sobre o tempo:

Com o tempo, e primeiramente, desenvolvi a capacidade de escrever no escuro. Depois, sem olhar. Passei a saber como ler de olhos fechados, sem titubear. O que a vida me encaminhava, eu aprendia. E nunca deixei de cumprir nenhuma tarefa, nem que fosse copiar à mão intermináveis números de notas fiscais para um livro fiscal preto e velho. Ou bater à máquina uma guia de recolhimento de imposto no valor de um centavo, à título de reajuste. E depois enfrentar uma encaracolada fila de banco para pagá-la. Eu fui tudo isso. E fiz. Meu 1º emprego. Aos poucos fui perdendo a seda da pele.
Hoje, quatro anos depois, já fui outras várias e ainda não me escolhi. Atualmente, estou desenvolvendo a habilidade de sentir qualquer cheiro a metros de distância. O cheio de Guarapan na distante mesa de almoço. O cheiro de um fumante à quilômetros. Incenso ligado no apartamento vizinho.  Me tornei uma cachorra com faro apurado.
Agora, me faltam as capacidades de sentir sem toque e ouvir o silêncio dos mortos. Comer algodão – e o gosto na boca.
Desenvolvi o riso, a escuta e a fala. E hoje luto para não ser uma eterna promessa. Quero fugir, quero mudar. Quero respirar fumaça. Correr atrás da crença e da desgraça. Quero ser o alvo da crítica qualificada. E dar a opinião acertada. Ter a unha e cabelos feitos. A pele lisa. Minha mão macia, a boca-maçã. Os olhos vidrados. Vai ser livre! (...) "Vai sem direção, vai ser livre... O que você quer saber de verdade?" (Arnaldo Antunes)
A moça que escreve é essa! e o blog tá aqui.
Gosto de gente que escreve diferente, que tem uma outra visão do mundo, que sai do lugar-comum.
O blog dela é assim cheio de "coisices" como diria uma amiga, com poesia, com palavras que trazem vale-sorriso embutido.
Dá pra se perder por lá por uns tempos e sair dando bom dia pras lagartas. =]

3 comentários:

  1. "Quando a noite chega, parece turbilhão – os pensamentos. Com o cair do escuro e o estado de solitude, não sei o porquê, mas os pensamentos dos mais piores chegam acompanhados de dor"

    Poxa, ela sabe tocar a gente, né?

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  2. q bacana! vou ler mais o blog.
    ótima dica.. ;-)
    bjs.

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