domingo, 17 de março de 2013

"Eu não quero ter vergonha de nada do que eu seja capaz de sentir" (C.F)


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Sorri, depois, ao me notar torcendo por você e achando o dia bonito, um tanto com seu rosto: menos por seu sorriso, pelos cabelos, pelos seus olhos firmes (também muito bonitos, tudo muito bonito), mais pelas proximidades inesperadas em idéias, em gestos, em atos. Sorri, depois, também, por sentir vontade de esperar seu ônibus, para roubar alguns minutos a mais de conversa. Um tanto pueril, eu admito. Mas não tenho vergonha dessas coisas. "Eu não quero ter vergonha de nada do que eu seja capaz de sentir", disse certa vez Caio Fernando Abreu (um dos escritores que mais me marcaram), em uma carta. Sou assim também.
Quiçá, um pouquinho dessas impressões você tenha compartilhado comigo. Quiçá, não. Na verdade, isso não importa tanto - a maneira com que você me leu, enquanto sem pressa eu te lia também, é um universo de possibilidades, algumas favoráveis, outras não. O essencial do dia é uma espantosamente singela vontade de, quando você quiser dividir comigo algum tempo, história, diálogo, eu estar presente para isso. Se de alguma maneira sentimos que alguém se tornou singular - ainda que por pequenos instantes -, a vida já nos apresentou uma daquelas cartas na manga que não notamos enquanto seus truques não são concluídos. Um sábado sem maiores expectativas, ficou guardado como um dia um tantinho especial. Isso, sim, é o fundamental.
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#Recortes

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